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Pauper: O Paupergeddon 2025, o Metagame e os Banimentos

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O Paupergeddon Lecco 2025 foi o maior evento de Pauper da história do formato, com 751 jogadores. Um evento deste porte nos conta muito sobre o Metagame do formato, potenciais mudanças e reabre discussões sobre banimentos no fim de março.

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revised by Tabata Marques

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Table of contents

  1. > Representação e Conversão
    1. Jund Wildfire é o novo Goodstuff
    2. O Dilema do Broodscale
    3. Kuldotha Red e Decks Preparados
    4. Um Affinity apagado
  2. > O Top 32 do Paupergeddon
  3. > O que podemos concluir do evento?

No último fim de semana, a comunidade de Pauper se reuniu novamente para a edição de 2025 do Paupergeddon, um dos eventos presenciais mais importantes do formato, contado com 751 jogadores.

Com uma atualização de banidas e restritas chegando em 31 de março, o evento foi a última “prova de fogo” do Pauper em relação à possibilidade de algum card deixar o formato no fim do mês, e sem uma manifestação do PFP sobre banimentos até o momento (este artigo está sendo escrito em 26 de março), não existem expectativas de que intervenções podem ocorrer tão cedo.

O Paupergeddon pode ser considerado o evento mais importante do formato este ano, e neste artigo analisamos quais tendências ele apresenta para o Metagame, as mudanças que ele pode provocar no Pauper e, possivelmente, também na lista de Banidas.

Representação e Conversão

Uma planilha completa do Metagame e conversão dos arquétipos para o Dia 2 do evento foi compartilhada nas mídias sociaislink outside website, e delas podemos concluir alguns pontos relevantes que concernem à saúde do formato e o comportamento dos melhores decks.

Jund Wildfire é o novo Goodstuff

O arquétipo mais jogado do evento, para a surpresa de alguns, foi o Jund Wildfire, um arquétipo que mescla as interações já conhecidas de decks como Affinity com Writhing Chrysalis para vencer jogos, tornando-o um Midrange muito eficiente.

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Em muitas frentes, o Jund Wildfire remete a filosofia de deckbuilding visto em outros arquétipos que ficaram conhecidos como “Goodstuff” - a ideia de misturar os melhores cards do formato em uma lista porque tudo o que você faz é tão poderoso e/ou tão sinérgico que você vai eventualmente ganhar o jogo. Na prática, ele é o melhor que você pode fazer no formato a cada turno.

A última vez que acompanhamos um Goodstuff desses moldes foi com o lançamento de Modern Horizons, onde Arcum’s Astrolabe e Ephemerate criaram uma estratégia que mesclava as interações de Kor Skyfisher com o artefato somado com Skred como a melhor remoção, Spellstutter Sprite como melhor disrupção e a interação de Mulldrifter com Ephemerate como a melhor fonte de vantagem em cartas da época.

Wildfire segue, em essência, o mesmo molde: ele utiliza Deadly Dispute e Ichor Wellspring como melhor fonte de vantagem em cartas do formato, somado com a interação de Cleansing Wildfire e as Bridges que são a aceleração de mana mais eficiente, Krark-Clan Shaman como melhor interação de mesa, Refurbished Familiar como melhor disrupção e, óbvio, Writhing Chrysalis, a melhor criatura do atual Metagame - sem contar as várias interações entre seus cards, como Nyxborn Hydra e Chrisalys, ou Blood Fountain e Refurbished Familiar, entre outros.

O resultado foi bem claro: com 88 cópias no Day 1, sua conversão para o Day 2 foi positiva e demonstrou que o Jund é uma das melhores opções para o formato hoje, e um Midrange melhor do que o Affinity na sua própria categoria, como comprovado pela sua alta conversão ao Top 8 do evento.

O Dilema do Broodscale

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O combo de Basking Broodscale e Sadistic Glee, se somadas as duas variantes, foi o deck mais jogado do torneio e sua conversão não foi negativa, mas aponta que tentar ser o Midrange enquanto fecha o combo o torna menos eficiente do que as versões Golgari que são mais dedicados a juntar A e B para ganhar: no agregado, Magic Symbol BMagic Symbol G Broodscale teve resultados melhores do que as variantes de Jund, inclusive com mais slots no Top 32.

Kuldotha Red e Decks Preparados

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É comum lermos nas mídias sociais sobre como o Kuldotha Red é um deck injusto por ser rápido demais e também pela sua ampla popularidade nas Ligas do Magic Online. A conversão para o Dia 2, inclusive, foi uma das mais altas do Paupergeddon 2025, com 35.59%, o que reforça a ideia de que este é um arquétipo predominante.

No entanto, Kuldotha teve uma das piores conversões para o Top 32 do torneio, com apenas duas cópias, enquanto representava 13% dos arquétipos do segundo dia. Motivos podem variar, mas os prováveis incluem que as demais listas com maior conversão no Dia 2 tendem a ter respostas mais eficientes contra ele, como os já mencionados Jund Wildfire e Broodscale Combo.

Além disso, o Metagame do Paupergeddon foi bem amplo e incluiu arquétipos que foram dos mais conhecidos até inovações como Esper Ephemerate ou Dark Jeskai, e é natural que o Kuldotha Red se aprese dessas estratégias que tentam coisas demais, ou são muito lentas, ou não se prepararam apropriadamente para lidar com Aggro, colocando-o em uma posição de “teste” que travou a entrada de muitos arquétipos para o Dia 2.

Conforme arquétipos mais bem-estabelecidos, bem-construídos e com a seleção certa de cards nas mãos de jogadores mais habilidosos surgiram, os resultados foram ficando piores para ele, culminando em apenas duas cópias no Top 32 (e nenhuma no Top 16) dentre os 19 que chegaram ao segundo dia jogando com ele.

Um Affinity apagado

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Conhecido como um dos pilares do formato hoje, o Grixis Affinity esteve notoriamente ausente de alta representação no Metagame, sendo o oitavo arquétipo mais jogado, com 35 cópias no Dia 1 e oito no Dia 2.

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Os números baixos não impediram bons resultados: com uma cópia no Top 8 e outra no Top 16, Grixis Affinity se aprova ainda um competidor viável no Metagame, mas que pode estar alguns passos atrás do novo Jund Wildfire, especialmente por ser mais suscetível ao hate direcionado e também por não usar o Tarmogoyf do Pauper.

O Top 32 do Paupergeddon

O Top 32 do Paupergeddon 2025 incluiu os seguintes decks.

Qtd.Deck
6Jund Wildfire
5Golgari Broodscale
4Mono Blue Faeries
3Jund Broodscale
2Grixis Affinity
2 Gruul Ramp
2Kuldotha Red
2Mono Black Pactdoll
2Golgari Gardens
1Dimir Faeries
1Dimir Terror
1Dredge
1Cycling Storm

E o Top 8 foi composto por 3 Jund Wildfire, 1 Golgari Gardens, 1 Mono Blue Faeries, 1 Golgari Broodscale, 1 Jund Broodscale e 1 Grixis Affinity.

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O destaque além de Wildfire fica para o vencedor do torneio, uma variante de Golgari Gardens que comprova, junto de outras listas Mono Black no Top 16 e 32, que Pactdoll Terror veio para ficar.

Pactdoll tem custo eficiente, bom corpo, forte interação com diversos cardos importantes do atual Metagame e é uma ameaça decente por conta própria, que se beneficia muito da qualidade de cards pretos que criam fichas de artefato hoje e da alta recursividade que arquétipos Midrange podem ter no formato.

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No geral, as listas de Jund Wildfire do Top 8 seguem moldes muito parecidos, com algumas mudanças ocorrendo entre incluir Crypt Incursion e Pilfer, ou alguns one-ofs no Sideboard.

O destaque mais relevante - e talvez o mais importante do Paupergeddon 2025 - foi Hunter's Blowgun, um artefato que não vê tanto jogo no Pauper hoje, mas oferece um efeito permanente de Deathtouch para combinar com Krark-Clan Shaman, tornando-o um pouco mais eficiente do que Toxin Analysis na sua categoria, e comprovando que ainda existe espaço para interações inexploradas no Pauper.

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Essa mesma interação esteve presente também na lista de Grixis Affinity do Top 8, e com Faeries sendo novamente um arquétipo em ascensão, a habilidade de Reach que Hunter’s Blowgun oferece no turno do oponente torna-se mais relevante.

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Faeries, inclusive, garantiu um slot no Top 8 com uma composição clássica de Mono Blue, sem muitas surpresas ou techs exclusivas que poderiam moldar o formato no futuro, demonstrando que ele ainda é uma escolha segura.

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A lista de Golgari Broodscale conta com alguns one-ofs interessantes: gosto de Troublemaker Ouphe como resposta de maindeck contra artefatos e encantamentos nesse caso, mas Vines of Vastwood ao invés e um quarto Tamiyo’s Safekeeping é um meio de oferecer um clock - porém, me questiono se é realmente necessário em uma versão tão dedicada a fechar a partida fora do combate..

Sylvok Lifestaff tem ressurgido no Pauper após os resultados do Mono Black Aristocrats como um meio de garantir fôlego extra contra os Aggros e, quando você está de combo, tudo o que você quer é ter mais alguns turnos para fechá-lo.

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A tech de Sylvok Lifestaff também esteve na lista de Jund Broodscale, tal qual as cópias de Sandstorm apesar de Magic Symbol R dar acesso a outros cards que lidam com criaturas X/1 de maneira menos condicional.

O que podemos concluir do evento?

Os resultados do Paupergeddon basicamente comprovam alguns pontos que já são claros há tempo: a engine de Deadly Dispute é eficiente demais e o formato está sendo ditado, em partes, pelo quão bem você extrai valor deste card.

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Sete dos oito decks do Top 8 eram, em essência, arquétipos de Dispute. Sua interação com Ichor Wellspring o transforma em Ancestral Recall e mesmo sem ela, Dispute funciona como manafixing eficiente e vantagem em cartas no mesmo slot - no fim, não existe fonte de valor mais eficiente no formato hoje.

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O debate em torno de banir Deadly Dispute tende a girar em torno do fato dele vir com uma Lotus Petal embutida e existirem vários substitutos viáveis para ele, como Fanatical Offering, Eviscerator’s Insight e Reckoner’s Bargain - nenhum deles gera mana, mas todos vêm com um benefício.

De alguma forma, ele está no meio-termo entre ser um Treasure Cruise com menos topdecks ruins, e ser um Preordain: o card que cola vários arquétipos no formato atual e com o qual muitos seriam bem piores sem ele. Nesse caso, talvez aquele pedaço de papel na final do evento tivesse a solução.

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Não costumamos falar de Ichor Wellspring como card digno de banimentos porque ele não faz muito por conta própria. Retirá-lo do formato seria um strike direto em todos os arquétipos de Deadly Dispute sem matar nenhum deles.

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Por outro lado, Wellspring não é o único card que gera valor extra com Deadly Dispute: Shambling Ghast e Experimental Synthesizer existem e produzem resultados bem parecidos, criando novamente o dilema de haverem “outros cards que fazem quase as mesmas coisas” que poderiam substituir um alvo de banimentos.

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Esse dilema que o Pauper vive hoje é um dos mais complexos do formato. Ele não está quebrado, mas homogeneizou o suficiente ao ponto de não ser tão divertido para alguns, enquanto a engine de Deadly Dispute é o principal motor para a criação de arquétipos, como foi o caso com o Jund Wildfire, Golgari Gardens e mais recentemente com as listas de Mono Black Aristocrats e Pactdoll Terror.

Faltam cards com o mesmo potencial em outras cores, ou peças que justifiquem abdicar de Dispute e Ichor em prol de outras micro-interações. É difícil banir algo nessas circunstâncias sem acabar desbalanceado, ao mesmo tempo, em que não se pode apenas ceder à pressão popular e usar o martelo em cards apenas porque as pessoas não gostam.

Resta aguardar 31 de março para descobrirmos qual será o futuro do Pauper. Até lá, minha watchlist do formato inclui:

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Se qualquer um desses deixar o formato no fim do mês, já será uma vitória.

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